Vereadores cobram melhorias urgentes no hospital

A Câmara Municipal de Ibiúna realizou, na última terça-feira (13), uma Audiência Pública sobre saúde. A reunião foi presidida pelo vereador Ismael Pereira (PRB), que exigiu do secretário Municipal de Saúde, Carlos Tadeu Ribas, a melhora urgente do atendimento no Hospital Municipal. “O problema da falta de médicos já passou dos limites. Queremos uma solução emergencial. Nossa população não pode mais ser prejudicada. Perdemos a maternidade, internação e a única coisa que está funcionando e, em condições precárias, é o Pronto Atendimento. Estamos regredindo ao invés de melhorar”, desabafou Ismael.

Outros vereadores também protestaram devido ao caos em que se encontra o hospital. O presidente da Câmara, Jair Marmelo (PC do B), disse que é lamentável a administração municipal ter deixado a situação chegar a este ponto. “Como nada funciona, é preciso transferir os pacientes. Entretanto, não há ambulâncias. O pior é que não temos para quem reclamar porque também não tem diretor no hospital. A noite toda é gente ligando, reclamando para os vereadores, que não podem nem andar na rua de tanta cobrança”, protestou.

Ele disse que o prefeito e o secretário precisam ter mais pulso para exigir que os médicos atendam e que a situação melhore. “Está cada vez pior e nenhuma solução é encontrada. Só ficam nos enrolando e quem sai mais prejudicado é a população”, acrescentou.

Problemas se agravaram

Pedrão da Água (PTB) enfatizou que a situação chegou a este ponto devido a inércia da atual administração frente aos problemas. “Através da Comissão Especial de Vereadores (CEV) descobrimos compras irregulares e com fortes indícios de superfaturamento para o hospital. Avisamos o secretário, mas, o que nos deixa mais indignado, é que a mesma empresa suspeita de fraude continua fornecendo insumos para o município. Colocam uma funcionária que não sebe nem o cargo que ocupa para fazer as compras de medicamentos. Quando indagada sobre as fraudes, diz que não sabe de nada. Mesmo assim, nenhuma sindicância é aberta pela prefeitura e tudo continua na mesma, pelo contrário, a pessoa ainda é promovida de cargo,”, desabafou Pedrão.

De acordo com ele, como nenhuma atitude é tomada pela administração, fica a impressão de que alguém deve estar levando vantagem com a situação. “Será que tem gente lucrando com esta crise e o sofrimento da população? Melhorias simples, como a instalação de computadores e um sistema de controle não são implantados nas farmácias do hospital porque, se instalados, acabam os esquemas. Enquanto isso, mais de 40% do nosso orçamento está indo para o ralo. Estamos cansados de avisar, mostrar soluções, mas nenhuma providência é tomada. Na próxima reunião vou vir com o nariz de palhaço”, disparou Pedrão.

O vereador disse ainda que a Câmara fez de tudo para ajudar a solucionar o problema. “Aprovamos o aumento no salário dos médicos, o Programa Saúde da Família (PSF), a parceria com o Hospital Albert Einstein e muitas outras ações. Porém, até agora, nada foi feito por parte da prefeitura. Pelo contrário, a atual administração vem alimentando problemas de anos atrás”, salientou.

Jamil Marcicano (DEM) falou que a atual administração deixou uma coisa que era ruim, ficar ainda pior. “Sabemos que essa crise é resultado de administrações anteriores. Mas estamos cultivando um problema do passado. O Estado, ao invés de colaborar, cortou o repasse do município. Estou tentando criar o Consócio Regional de Saúde, mas estou tendo dificuldades, pois Ibiúna costuma não colaborar com tais parcerias. O povo não pode mais esperar, precisamos de uma solução urgente”, disse Jamil.

Ao final da reunião, a moradora do bairro Rio de Una de Baixo, Iolanda da Silva Germano, também usou da tribuna para fazer um desabafo sobre a saúde pública do município. Ela disse que nunca viu o hospital tão largado como atualmente. “É uma judiação ver aquele hospital parado, com enfermeiros, vigias e outros funcionários sem fazer nada, pois não há mais internação e nem maternidade. Não adianta nada os outros setores do município estarem funcionando se o povo não tiver saúde para poder desfrutar dos benefícios. O prefeito precisa priorizar o atendimento do hospital o mais rápido possível”, protestou a moradora.

Ismael Pereira agradeceu a participação de Iolanda, que fez jus ao objetivo da audiência pública, que é o de ouvir os anseios da população e dos vereadores.

R$ 1 milhão perdido

O Secretário Municipal da Saúde, Carlos Tadeu Ribas, disse que ao ser rebaixado de média para baixa complexidade, o Hospital de Ibiúna está deixando de receber, aproximadamente, R$ 1 milhão por mês do Estado. “Tais recursos estão sendo direcionados para Votorantim e Sorocaba, que recebem os pacientes ibiunenses da maternidade e internação. Além da falta destas verbas, ainda estamos tendo que custear o transporte de tais pessoas. A situação é delicadíssima, mas estamos trabalhando para que, pelo menos, a nossa maternidade volte a funcionar ainda este ano”, explicou.

Ele falou que a atual administração tem tomado providências, mas que alguns funcionários concursados continuam se negando a atender a população. “Já cheguei e falei para os médicos que se algum não estiver contente, que vá embora, mas não fique se recusando a atender os nossos pacientes. É um ciclo vicioso que peço a ajuda do presidente da Câmara para ir comigo até o jurídico da prefeitura pressionar para que alguma medida mais severa seja tomada”, acrescentou Ribas.

O secretário ressaltou também que estão sendo realizados cursos aos funcionários visando a humanização do atendimento, palestras e outras medidas para que a população possa receber um tratamento digno. “Agradeço aos vereadores por apontarem os erros e, pode ter certeza, que as providências serão tomadas. Queremos contar com o apoio da Câmara sempre, visando o bem dos ibiunenses. O prefeito está fazendo o possível e vamos sair desta crise o mais rápido possível”, concluiu.